Paternidade

(um caso reportado jornalisticamente) –por Carlos Leite Ribeiro
 
 
 
A Lei portuguesa não permite o termo “pai desconhecido” ou “pai incógnito”. Está feito e a Lei terá de ser cumprida. Quanto a mim, a Lei devia ter uma adendazinha que ressalvasse aqueles casos de pai difícil de comprovar, com o termo: “Pai Espírito Santo”. Mas não existe e Lei é Lei.
Assim, têm surgido casos muito bizarros, como por exemplo uma senhora que foi impedida de inscrever sua filha no jardim-escola, pois a criança não tinha nome de pai. A mãe então solicitou o exame de paternidade, indicando 8 (oito) nomes de homens, com grandes possibilidades de ser o pai biológico de sua filha.
E não é que ela acertou num?!
Os “felizes contemplados” a serem o pai da pequena, foram (segundo fontes jornalísticas):
- O ex-marido que na altura já não seria marido;
- O marido que na altura seria marido, mas também já não o é;
- E mais 6 “felizardos”.
E foi entre estes 6 felizardos que apareceu o pai biológico da menina.
E é sobre esta pessoa que vamos seguir as declarações que ele deu à Comunicação Social:
“Recordo-me vagamente dessa senhora, que numa noite de Lua Cheia, encontrei num restaurante de uma superfície comercial, na estrada entre Leiria e Lisboa.

Encontrava-se sozinha sentada numa mesa, triste e com ar abatido.
Eu também estava sozinho e tentei chamar-lhe a atenção com os olhos e depois entabulei conversa com ela.
Não tinha a cara muito bonita, mas de corpo era bem-feita. A conversa foi longa e onde me contou que se tinha divorciado do primeiro marido e estava casada de novo. Mas, em ambos os casos não tinha sido feliz na escolha. Também tive de inventar uma história, dizendo que embora morasse na mesma casa, não era feliz com a minha esposa (a tal conversa de “malandro”).
Conversa puxa conversa e fomos até ao meu carro, estacionado no parque de estacionamento, onde dentro admirámos a Lua que naquela noite estava maravilhosa e, com ou sem efeito da Lua (enfim... enfim.).
Recordo-me que antes de entrar em minha casa, tive de sujar as mãos com óleo, para ter a desculpa de ter chegado quase de manhã, alegando que o atraso de deveu a um furo num pneu, e que tinha sido de difícil resolução... Durante anos, telefonámos umas duas ou três vezes, mas nunca mais nos encontrámos.
Há tempo, recebi uma convocação do Tribunal para ir fazer no Instituto de Medicina Legal de Lisboa, uns testes de paternidade. Caí das nuvens com tal situação, mas meio divertido e completamente convencido que seria um engano, fiz os testes.
E o resto já vocês sabem, aos 60 anos descobriram que era pai de uma menina de 6 anos!
É um caso bizarro, mas que está a deixar algumas pessoas muito preocupadas.

É o caso do meu amigo Sinfrónio Àscaro que, para sua tranquilidade psicológica, sentiu a necessidade de telefonar às suas inúmeras amigas, perguntando-lhes se os filhos delas tinham o nome do pai (deles, claro).
Fiquei sem saber quem teria sido o verdadeiro culpado (se acaso existiu) no caso que sumariamente narrei:

a) Se foi a Lua Cheia;
b) Se foi o jantar, que deu em “fome”;
c) Se foi uma seta de Cúpido (que é um grande malandro) numa Lua Cheia, fez “aquilo”;
d) Etc...
Também não sei em que marca e modelo de carro se deu a “ocorrência”, não podendo por isso, imaginar a cena em que o “Espírito Santo” se ligou à carne.
Mas se foi num 2 CV Citroen, além das respetivas licenças de condução, deviam ter também tirado um curso de controcismo.

Pelo menos, é o que dizem pois eu, sou muito ingénuo nessas coisas...

Texto “reportado jornalisticamente” por Carlos Leite Ribeiro - Marinha Grande - Portugal

2 comentários:

Maria João Brito de Sousa disse...

Excelente, professor, esta divertida reportagem!

Um abraço!

Maria João

Gerci Godoy disse...

Muito bom, mas fiquei curiosa pra saber o desfecho. O homem, de fato assumiu o papel de pai? A menina e ele tiveram um bom relacionamento?
abraço
Gerci